29 de agosto de 2016

Alejandro Reyes: “A relação entre literatura e militância é dada pela conjunção entre ética e estética”

alejandro reyes
O escritor Alejandro Reyes e o professor Wilson Alves-Bezerra na UFSCar, durante o Fórum de Debates


No dia 16 de agosto o jornalista, escritor, tradutor e ativista mexicano Alejandro Reyes veio para a cidade de São Carlos-SP participar do Fórum de Debates, edição “O que está acontecendo no Brasil”. Esse evento é organizado pela Coordenadoria de Cultura da UFSCar para discutir o atual momento político do país. Nessa edição do Fórum de Debates, o ativista de mídias livres, jornalista no Coletivo Radio Zapatista e parceiro do Movimento Zapatista e do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) tratou da experiência mexicana com os movimentos sociais para refletir um pouco sobre a atual conjuntura brasileira.

Alejandro Reyes nasceu na cidade do México. É escritor, tradutor, jornalista e ativista. Depois de morar vários anos nos Estados Unidos e na França, mudou-se, em 1995, para o Brasil, onde trabalhou com crianças “de rua” e adolescentes da periferia. É mestre em Estudos Latino-Americanos e doutor em Literatura Latino-Americana pela Universidade da Califórnia em Berkeley. Colabora em várias mídias alternativas, reportando sobre movimentos sociais no México e Estados Unidos. Participou no movimento literário baiano e publicou Vidas de rua, Contos mexicanos e, neste ano, Vozes dos porões, ensaio sobre o movimento de literatura periférica/marginal no Brasil. A rainha do Cine Roma, seu primeiro romance, foi finalista do prêmio Leya 2008 e ganhador do prêmio Lipp 2012 pela versão em espanhol, e foi publicado no Brasil, Portugal, México e na França.

Em entrevista, Alejandro Reyes nos contou um pouco mais sobre seus trabalhos com literatura, além de tratar da situação política no Brasil, do Movimento Zapatista e do EZLN no México.

Confira abaixo:

O escritor Alejandro Reyes
O escritor Alejandro Reyes
 

Você possui vários trabalhos com literatura no Brasil e no México, tratando principalmente das crianças e das periferias. Como é essa junção entre literatura e militância?

Eu acredito numa literatura comprometida com o nosso mundo, sobretudo nestes momentos de crise global e de extrema violência nas nossas sociedades. A literatura para mim, portanto, é uma forma de militância.


13 de abril de 2016

Exposição JANELAS do artista Henrique Monteiro começa neste sábado em São Tomé das Letras-MG




Baseada nas obras Capitães da Areia e A Rainha do Cine Roma, começa neste sábado dia 9 de abril às 20 horas a exposição JANELAS, criada pelo artista Henrique Monteiro.

A exposição acontece no Auditório Toca da Bruxa ao lado da histórica Igreja de Pedra em São Tomé das Letras e segue até o dia 24 de abril com entrada franca.

A exposição JANELAS é uma realização da Toca da Bruxa e Divinum Alchimia.

"Os olhos são a janela da alma e o espelho do mundo" Leonardo da Vinci.

27 de maio de 2015

Digna Raiva - A Gramática da Ira


Por Alejandro Reyes

Quando eu li o manuscrito da Gramática da Ira do querido mano Nelson Maca, um ano atrás, acabavam de matar um amigo e companheiro, lutador jovem cheio de garra e de esperança, membro de uma comunidade indígena em resistência contra os projetos de morte cá em Chiapas, no México; assassínio covarde na porta da sua casa, na frente de um dos seus filhos.

Foi, portanto, com a Gramática da Ira que eu escrevi estas linhas em forma de carta, que agora, um ano depois, na véspera do aniversário da morte de Juan Vásquez, eu reescrevo. A leitura do livro do Maca naquele momento, como agora, foi a rima perfeita com a gramática do meu espírito: ira conjugada com amor, escrita com a caligrafia da dignidade; conjunção de indignações que atravessam o continente, vinculando cores e vidas e formas e resistência perante os racismos múltiplos e as tantas formas de desprezo e exploração.


5 de outubro de 2014

Horas extraordinárias

Publicado em: Horas extraordinárias

Brutal! É o termo para classificar este romance avassalador, tanto no plano literário pois é uma obra muitíssimo bem concebida e escrita, quanto no aspecto humano, levando-nos imediatamente para outros nomes e obras dos Mestres do género: Jorge Amado, José Mauro de Vasconcelos, Vargas Llosa, Garcia Márquez… acho que só um latino-americano (recordo o cubano Pedro Juan Gutiérrez) conseguiria de facto escrever assim de forma tão crua e agressiva, bruta, genuína, (re)criando personagens sacadas à rua e narrando o que é a realidade das vidas degradadas nas urbes daquele continente!

Cheguei ao fim deste romance com um nó na garganta e outro no estômago, confesso que nunca mais olharei para um miúdo com a caixinha da graxa do mesmo modo, ou mesmo para um travesti… tenho de ser honesto e coerente com aquilo que o livro ainda despertou nesta carcaça de homem rude a envelhecer!

Reforça também a minha opinião quanto à diferença entre o escritor que vive profundamente a realidade e consegue escreve sobre ela, para outro que ficciona sobre algo que aflorou ou viu, e, lhe inspira a imaginação. Alejandro Reyes é jornalista e escritor, académico em estudos e literatura Latino-Americana, mas sobretudo trabalhou com crianças de rua e adolescentes, no Brazil.

O que ele descreve e conta é a dura realidade, é verdade, acontece-mesmo, há gente assim e vidas assim! É isso o que nos agride por um lado e maravilha por outro, pois ele consegue apresentar-nos no meio da violência das ruas e do vício, sentimentos de humanidade, generosos, bons… o que inapelávelmente nos toca e apaixona.

Num contexto geográfico-social diferente recordou-me outra obra recente e discreta, que para mim também ficou a ser de referência pelo tal aspecto humano a que sou sensível: “Entre Cós e Alpedriz”, do nosso Extraordinário José Catarino, que gravou igualmente no seu romance a dura realidade duma vida serrana, que se formos procurar ainda existe e aqui, à nossa porta.

A Rainha do cine Roma é um grande romance que aconselho vivamente, mas atenção, é para quem deveras tenha peito como aconselha Pepetela, e, estômago acrescento eu!

21 de agosto de 2014

Viajar pela Leitura: Opinião

Sinopse

No dia em que se conhecem, Maria Aparecida e Betinho, duas crianças de rua em Salvador da Bahia, tornam-se inseparáveis. Vítimas de abusos por parte dos pais, fazem do Cine Roma a sua casa, e da amizade que os une, um antídoto para combater a dura realidade de quem vive a fugir de sombras ameaçadoras.
No ambiente de violência das ruas, os dois amigos vão crescendo e, um dia, os seus caminhos separam-se. Betinho vai para o Rio de Janeiro com um namorado e Maria Aparecida fica a viver numa igreja abandonada com outros desabrigados. Magoada pelo abandono do amigo, e na esperança de se reconciliar com a sua memória, decide regressar a casa para tomar conta do pai. De volta à rua, começa a prostituir-se, cruza-se com Creuza e desce ainda mais fundo ao inferno.

Betinho, agora Roberta, regressa a Salvador para reencontrar Maria Aparecida, desencontrada de si, perdida nos excessos. Entre exorcismos de mágoas, abraços de saudades e lágrimas, voltam a viver juntos. Nem a presença de Creuza, nem mesmo Chico, um poeta com quem Maria vive um amor proibido, consegue separar os dois companheiros de solidão e retirar-lhes a única coisa que ainda os faz viver: a esperança. Um romance sobre a vida real no submundo urbano baiano. Uma história sobre duas crianças que um dia sonharam que podiam ser amadas.

Opinião
Duro. Violento. Dramático.

“A Rainha do Cine Roma” é um livro bombástico, deveras chocante. Só assim pode ser descrito, por muito que nos cheguem testemunhos da realidade das ruas do Brasil – como eventualmente de outros países da América Latina –, através de documentários ou da recente vaga de filmes que exploram a crueza desse lado do mundo e da vida daqueles que nele habitam.

Esta história incide sobre a vivência de várias personagens, que parecem carregar com elas todos os pecados que podem caber num só corpo humano. Na verdade, pecados aos olhos da sociedade, porque aquilo que elas carregam são estigmas, azares consequentes da aleatoriedade do universo que o Homem jamais terá capacidade, nem sequer vontade, de mudar. O autor faz-nos ver que as personagens são boas no seu íntimo, embora incapazes de quebrar as barreiras que lhes são impostas desde tenra idade. E quando nos é dado a entender que conseguem uma vitória, mais um desafio lhes é imposto, daqueles que são impossíveis de ultrapassar. A vida destas pessoas é vivida numa espécie de montanha em constante derrocada, onde a cada metro escalado com custo acabam por se afundar três ou quatro, rumo ao abismo.

Drogas, prostituição, homossexualidade, educação, violência, pedofilia, incesto, pobreza. Tudo isto está descrito nestas páginas de um modo tão frio quanto o enredo narrado na primeira pessoa pode oferecer.

Trata-se de um excelente livro, onde a perseverança persiste, assim como o estranho fado que acompanha aqueles que nada têm.

20 de fevereiro de 2014

Entrevista com Dana Burlac: boa hora para a literatura brasileira

 Publicado em: La Latina

Romance do mexicano Alejandro Reyes cuja história se passa no Brasil.
Romance do mexicano Alejandro Reyes cuja história se passa no Brasil.

Escrevendo extensas matérias jornalísticas sobre literatura para veículos impressos, conheço uma série de profissionais do meio editorial que me dão “sabrosas” entrevistas individuais. Nem todos cabem nos textos, mas muitos oferecem carinhosamente tempo, histórias, dados e opiniões – e seria uma pena ver esse conteúdo perdido ou esquecido.

É o caso da francesa Dana Burlac, da editora Denoël, de Paris, que já publicou títulos argentinos, cubanos, chilenos, mexicanos, nicaragüenses… Mas nenhum brasileiro, apesar de ter morado um período no país. Nosso papo foi motivado pelo estilo francês de publicar livros, muitas vezes avesso à excessiva exposição do autor para impulsionar as vendas.


16 de outubro de 2013

A Rainha do Cine Roma: Resenha da Jornada Literária de Passo Fundo


Você sabe como vive um menino de rua? Talvez viva pedindo esmola, dormindo em qualquer canto, roubando, se drogando, vendendo seu corpo por uma miséria. Talvez nada disso, um pouco disso, ou tudo isso junto. Como é, então, que um menino de rua vai viver um romance? Só quem leu este livro saberá as incríveis histórias, mais tristes do que felizes, que um romance assim pode contar.

Betinho, um menino de coração bom, perdido no sofrido mundo das ruas, vivendo de qualquer jeito, comendo qualquer coisa, dormindo em qualquer lugar e que, de repente, se vê tomado pela alegria de encontrar Maria Aparecida, que, segundo ele, é um anjo no meio de um cenário imundo, em algum lugar de Salvador. Assim nasce essa história que entra na mente de quem lê como uma faca que penetra o peito. Como um balde de água gelada, escancarando uma realidade que a maioria das pessoas nunca viu. Um espelho do mundo suburbano, descrito passo a passo, detalhadamente e sem pudor.

Incrível a maneira como o autor entrelaça as histórias das personagens ao longo da narrativa. São quatro personagens principais: Mariana Aparecida, Betinho, Chico e Creuza. Cada vida, uma por uma, contada com todo o cuidado, e por fim, unindo-se, formando um arrebatador misto de amor e profundo sofrimento. Três almas desgastadas pela vida nas ruas, pela incerteza do amanhã ou do motivo pelo qual estão vivendo, procurando uma na outra uma esperança, uma ponta de felicidade que a amargura do mundo não os deixava ver. No meio disso, Chico, o estudante de direito, de origem humilde mas nem tanto.

Uma parte do livro que vale a pena destacar, é quando Maria Aparecida, menina de rua, que apanhou tanto da vida de um jeito que ninguém pode imaginar, encontra Chico. O menino era pequeno, tinha se perdido da mãe em uma tarde, e ela quis o ajudar, viu logo que ele não era da rua, que vestia roupas boas e estava limpo. Levou-o até o lugar onde dormia: uma casa de caixas de papelão, onde ela mesma mal cabia dentro. Dormiram os dois juntos, crianças, descobrindo o mundo. Se apaixonaram. No outro dia saíram em busca de comida, pedir esmola, caminhar por Salvador, quando Chico avista sua mãe do outro lado da rua e sai correndo para abraça-la. Após o reencontro ele olha para o lugar onde Maria Aparecida estava, toda suja, com roupas aos trapos e ambos veem a distância de realidade entre um e outro, refletida no olhar de nojo com que a mãe de Chico olhava para a menina parada do outro lado da rua.

Mas o romance não se resume a isso. Há muita interação com o leitor. Alejandro conversa, provoca, instiga, como se estivesse batendo um papo com quem lê. Faz o sentimento sair das páginas, tomar vida. Toda a dor, todo o horror, o sexo, o amor, bem diante dos nossos olhos, descrito com maestria e simplicidade sem conter os palavrões e indignações. Criando questionamentos intensos internamente. Todo o cuidado para que o grande desenrolar da história seja descoberto apenas nas ultimas páginas, deixando o leitor de boca aberta – eu pelo menos fiquei.

Um mundo desconhecido e distante, trazido à tona de repente. Diferente dos romances onde o sofrimento é poético, lindamente doloroso, este apresenta um sofrimento real. Não apenas da alma, mas do corpo, da vida. Uma incansável luta de quatro almas boas que, desde que vieram ao mundo, comeram o pão que o diabo amassou, sobreviveram a tudo, e ainda fizeram brotar uma de esperança e cumplicidade flor no meio do deserto seco. É um romance para quem tem estômago forte.

3 de outubro de 2013

Na mochila de Alejandro Reyes

Publicado em NEXJOR - Univesidade de Passo Fundo

Alejandro Reyes nasceu no México, viajou por muito tempo como mochileiro,  conhecendo inúmeros países, até se apaixonar por uma brasileira. Escritor, tradutor, jornalista e ativista, mudou-se para o Brasil em 1995, onde trabalhou com crianças e adolescentes, principalmente na cidade de Salvador. Veio daí grande parte – se não toda – da inspiração para seu primeiro romance, o inusitado “A rainha do cine Roma”, que  foi finalista do prêmio Leya em Portugal e conquistou o prêmio Lipp 2012 no México.

Sobre o livro: você pode conferir a resenha clicando aqui.

Como se deu a construção das personagens do livro “A rainha do Cine Roma”? Elas são reais?

“Na verdade o livro está cheiro de pedacinhos de histórias. As personagens, nenhuma é uma única pessoa. Todas as personagens são construídas de diferentes pessoas. A Creuza, por exemplo, eu conheci uma menina que viveu coisas parecidas. Mas isso é misturado com histórias de outras crianças, e muito de imaginação.”

Alejandro Reyes Foto Paulo Ricardo dos Santos
Alejandro participou do Palco de Debates da 15ª Jornada Nacional de Literatura no sábado, junto com Sérgio Vaz e Emicida





Durante a narrativa você brinca com o leitor, conversa com ele, o provoca. Como e por que você decidiu apresentar a narrativa desta maneira?

“Foi um pouco inconsciente, surgiu assim. Mas no fundo eu acho que tem a ver com essa questão de provocar. Ou seja, muito do que a gente lê, ou vê no cinema, sobre as questões mais duras da nossa sociedade, da nossa realidade, muitas vezes elas são tratadas de uma maneira muito distante. O leitor fica aqui sentado na sua poltrona confortável, vendo aquilo de longe, e isso é ruim. Justamente o que a gente quer fazer, o grande potencial da literatura, particularmente do romance, é quebrar essas barreiras. Nem uma outra arte consegue entrar na problemática existencial do ser humano.”

Com relação aos moradores de rua, o que você viu de diferente nas ruas dos Brasil se as compararmos com as ruas de outros países?

“É muito semelhante. As populações que são mais vulneráveis são as que são mais exploradas.”

O que mais encantou e o que mais chocou você durante as viagens?

“Esse sofrimento das crianças, pra mim, é o que mais dói. Porque elas não tem um estrutura para se defender, para resistir àquilo. É uma dilaceração do ser humano. O que mais me encanta é que nas situações mais duras, mais difíceis, mais pavorosas, vem o espírito de resistir. Como gente que vive na rua, que todo dia é esculachado, que todo o dia é tratado como se não existisse e não fosse gente, conseguem continuar acreditando que são gente e continuar amando e sendo solidários com o outro.”

Como foi ser finalista do prêmio Leya em Portugal e ganhar o prêmio Lipp no México?

“Pra mim foi muito bacana. Porque escrever é uma atividade muito solitária, e é muito difícil entrar no mercado editorial.”

Pretende lançar novos romances?

“Com certeza. Nesse momento estou trabalhando em um romance que tem a ver com migração e que acontece um pouco no México, um pouco nos Estados Unidos e um pouco no Brasil.”

Como jornalista, como você avalia o jornalismo atual?

“O grande problema do jornalismo é que é uma mercadoria. Para sobreviver, as empresas jornalísticas tem de vender a informação. Não é mais aquela coisa independente, capaz de ter um olhar crítico ao que acontece na sociedade. A mídia comercial é parte do problema. A alternativa à isso, são essas mídias alternativas, independentes, que não fazem da informação uma mercadoria.”

2 de setembro de 2013

A Leitura das ruas na visão de Reyes, Emicida e Sérgio Vaz


Foto: Tiago Lermen
Último palco de debates teve como tema A leitura das ruas
A periferia é rica em cultura. Sobre isso resumiu bem Ignacio de Loyola Brandão, ao aplaudir o último palco de debates da Jornada formado pelo rapper Emicida, pelo poeta paulista Sérgio Vaz e pelo jornalista e escritor mexicano Alejandro Reyes: “Vocês estão fazendo o que Geraldo Vandré falou; vocês estão fazendo a hora e não esperando acontecer”. Os três convidados comentaram sobre seus processos criativos a partir da realidade das ruas, da vida nas periferias, na difícil realidade de enfrentar o dia a dia sem perder a esperança.
 
Alejandro Reyes nasceu na cidade do México e morou nove anos em Salvador, onde trabalhou com crianças "de rua" e adolescentes da periferia. É mestre em Estudos Latino-Americanos e doutor em Literatura Latino-Americana pela Universidade da Califórnia em Berkeley e publicou Vidas de rua, Contos mexicanos e, neste ano, Vozes dos porões, ensaio sobre o movimento de literatura periférica/marginal no Brasil.

O escritor explicou como ficou impressionado e comovido com a situação das crianças de rua em Salvador: “Mesmo vivendo em condições miseráveis, elas são uma fonte de esperança, têm força, têm luz. Você não consegue se desfazer da própria bagagem para escrever, é utopia. Mas eu quis trabalhar a riqueza dessa linguagem das ruas. Como escritor, dialogar com as periferias. Contei uma história de amor, uma história de exclusão, mas transformei o horror em romance”.

Leandro Roque de Oliveira, conhecido como Emicida, é considerado uma das revelações do hip hop brasileiro. Desde que lançou, em 2009, a primeira mixtape, “Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida, até que eu Cheguei Longe”, seu trabalho ganhou força no Brasil e no Exterior, inclusive com duas turnês pelos EUA e duas pela Europa.

Na sua apresentação ele falou da felicidade de estar participando desta Jornada e ver tantos rostos jovens na plateia interessados pela leitura: “Isso precisa acontecer mais vezes em nosso País”, afirmou. Relembrou seu início de carreira, as dificuldades e o sucesso do gênero musical que divulga: “ O rap foi no Brasil o livro de história mais importante para a periferia. Um livro que fala da nossa realidade com respeito. Minha autoestima surgiu a partir do trabalho dos grupos que começaram antes. Só as palavras tocam as pessoas para a realidade do nosso país e é isso que temos que fazer para ter o país que queremos.”

O poeta da periferia e agitador cultural Sérgio Vaz  mora em Taboão da Serra (Grande São Paulo) e vive nas periferias do Brasil. Tem quatro livros publicados e é um dos criadores do Sarau da Cooperifa, evento que transformou um bar na periferia de São Paulo em centro cultural. Lembrou que quando leu a obra Não verás país nenhum, de Loyola, e O ano que não terminou, de Zuenir Ventura, percebeu que não tinha que ter vergonha dos seus escritos e foi à luta.

Inspirado pelas músicas de Taiguara, Gonzaguinha e Vandré encontrou forças para seguir sua vocação e quando leu Cervantes aprendeu que era um sonhador como D. Quixote. “O livro salvou minha vida, levei muito tempo para gostar de viver. E agora minha função é lembrar às pessoas que elas gostam de poesia”, comentou. 

8 de fevereiro de 2013

Alejandro Reyes na 15a Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo

Por Juliana Welling
 
A tradicional Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo será realizada apenas de 27 a 31 de agosto, no Rio Grande do Sul. Mas a organização do evento já divulgou alguns dos autores que estarão presentes nesta 15ª edição de jornada. Dentre eles, estão o romancista mexicano Alejandro Reyes, autor de Vidas de Rua, Contos Mexicanos e A Rainha do Cine Roma, obra finalista do Prémio Leya 2008, e o espanhol Cesar Coll, diretor do Departamento de Psicologia Evolutiva da Universidade de Barcelona, um dos principais coordenadores da reforma educacional espanhola e consultor do MEC, no Brasil, na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Já entre os autores brasileiros, participam neste ano: André Vianco (best-seller nacional, com mais de 500 mil exemplares vendidos no País), Nélida Piñon, Walcyr Carrasco, Jairo Bouer, Laura Müller e Raphael Draccon.

A Jornada Nacional de Literatura é realizada a cada dois anos, na cidade de Passo Fundo. Nesta edição, o tema central do evento será “Leituras Jovens do Mundo”, com o objetivo de explorar o potencial, as preferências e a diversidade de interesses e comportamentos do público jovem.
 
Os cinco dias de Jornada incluem também realizações paralelas e tradicionais, como a 7ª Jornadinha Nacional de Literatura, destinada a estudantes do ensino fundamental; o 12º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio Cultural; o 4º Encontro Estadual de Escritores Gaúchos: a criação literária em debate; o 3º Seminário Internacional de Contadores de Histórias; o 2º Simpósio Internacional de Literatura Infantil e Juvenil; a segunda edição da JorNight, destinada especialmente aos jovens; e o 8º  Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura, uma das mais prestigiadas premiações da cena literária brasileira. As inscrições estão abertas e podem participar romances de língua portuguesa publicados entre junho de 2011 e 31 de maio de 2013. O autor vencedor do prêmio de R$ 150 mil será anunciado na abertura da 15ª Jornada Nacional de Literatura.

Em 2011, o escritor João Almino foi o vencedor do Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura com o livro Cidade Livre (Record).

17 de dezembro de 2012

“A Rainha do Cine Roma” Alejandro Reyes (Oficina do Livro)

Publicado em: http://hasempreumlivro.blogspot.mx/2012/12/a-rainha-do-cine-roma-alejandro-reyes.html



Dados Biográficos:

O Autor nasceu na Cidade do México. É jornalista e escritor. Viveu durante alguns anos nos EUA e em França. Posteriormente. mudou-se para o Brasil onde trabalha como assistente social, sendo a sua população-alvo composta essencialmente por crianças e adolescentes que vivem na rua. A sua ligação à Literatura prende-se com o mestrado em Estudos Latino-Americanos na Universidade da Califórnia. Encontrava-se, à data da publicação deste romance, a efectuar o Doutoramento, também em Literatura Latino-americana, incidindo na temática da Literatura Marginal. Escreve ainda em várias publicações, ligadas a diversos movimentos sociais no México e nos Estados Unidos, além de ter também participado no Movimento Literário Baiano. No tocante a publicações literárias, do seu curriculum constam já, para além de A Rainha do Cine-Roma, romance finalista do Prémio Leya em 2008, os títulos Vidas de Rua e Contos Mexicanos.

A Rainha do Cine-Roma trata da vida de duas crianças que, por razões diversas – desestruturação da vida familiar ou simplesmente um meio social hostil –, acabam por viver na rua. Ali, recorrem a estratégias de sobrevivência reveladoras de uma notável força psíquica, audácia e sentido táctico. No entanto, a falta de modelos de referência e de estruturas de protecção colocam-nas em situação frágil, que se traduz num elevado grau de exposição ao risco. A prática de pequenos delitos – roubo, consumo e tráfico de drogas, que pode ou não estar associado a práticas de prostituição – fazem delas permanentes fugitivas aos grupos de extermínio (esquadrões da morte) que dirigem os seus alvos aos chamados “trombadinhas” ,além de se colocarem inadvertidamente sob o domínio dos traficantes doo sexo. Assim, as vidas de Betinho e Maria Aparecida desenrolam-se a partir de um apuradíssimo instinto de sobrevivência, que as faz caminhar constantemente no fio da navalha...No meio de tudo isto, os jovens protagonistas alimentam o sonho e a esperança como espectadores e hóspedes clandestinos do velho cine-teatro do bairro degradado onde vivem: o Cine-Roma.

O mérito de Alejandro Reyes consiste na forma esquemática com a qual consegue contextualizar as circunstâncias familiares e sócio económicas que empurram duas crianças que deveriam estar na escola para a marginalidade e exclusão social: a miséria extrema, a violência doméstica, o abuso sexual dentro do próprio agregado familiar, o desinteresse ou descuido dos familiares mas próximos. A isto junta-se a alienação das instituições, o corolário de um conjunto de factores que ajudam a perceber um pouco melhor quem não contacta directamente com esta realidade o porquê da escolha deste jovens – que, na verdade, não têm escolha, pois quase não encontram diferença entre o risco de viver na rua e a situação de perigo eminente que vivem diariamente em casa. Um retrato lúcido de uma realidade difícil de encarar pelas pessoas que sempre viveram dentro daquilo a que se chama a “normalidade”.

A trama evolui tendo com móbil principal a procura da liberdade e a não sujeição à prepotência vivida em família, em acelerado processo de entropia.

Num cenário de plena selva social, as formas de solidariedade emergentes em determinados grupos, são a faceta mais comovente do romance, onde facilmente conseguimos identificar ecos de Os Miseráveis do escritor francês Victor Hugo. Assim, no enredar da teia de prostituição em que se vê envolvida Maria Aparecida – e, também de Betinho – não conseguimos deixar de encontrar semelhanças com o percurso de Fantine. Se excluirmos a cena, talvez demasiado lírica, de redenção no final do romance, à qual Pepetela, algo eufemisticamente, classificou de “um fiozinho de açúcar, emoldurando uma réstia de esperança”, trata-se de um romance duro, pouco dado a “maquilhagem social” e totalmente distante do argumento cor-de-rosa das telenovelas.

Na beleza extrema de Maria Aparecida encontramos algo de selvagem, um não sei quê de libertino, com tiques de provocadora. Qualidades que, combinadas, resultam num cocktail explosivo que a transforma num objecto de desejo a perseguir encarniçadamente pelos seus predadores: a insubmissão. A situação de pobreza e ausência se suporte familiar direccionam-na fatalmente para a mira dos traficantes de carne humana, apesar de se tratar apenas de uma criança. Mas ao mesmo tempo, Maria Aparecida desperta, igualmente, a admiração e o sentido protector de alguns jovens prostitutos que gravitam à volta do velho teatro degradado. Enquanto partilha o abrigo com os pequenos travestis do Cine-Roma, a menina ainda consegue, durante um curto espaço de tempo, escapar do assédio de potenciais clientes e proxenetas. Por vezes, o sentimento de amizade e união entre estas crianças que encontram afinidades nas suas histórias passadas é tão grande que o sublime se instala em gestos de altruísmo sem precedentes, como é o caso de Betinho que se inicia na prostituição para proteger e alimentar Maria Aparecida, garantindo a sobrevivência de ambos. Chega, inclusive, a procurar refúgio numa organização religiosa, liderada por um pastor de nacionalidade francesa. A propósito deste episódio, o Autor dá a entender, nas entrelinhas do romance que, muitas vezes, as boas intenções de uma instituição colidem com um mais do que deficiente conhecimento da realidade. É o caso da religiosa que convence a menina do dever cristão de ajudar um pai doente, apelando ao cristianíssimo perdão, sem antes conhecer a fundo a história familiar de Maria Aparecida, ignorando o facto de a pré-adolescente se encontrar na rua precisamente por estar em perigo na presença do pai. Este encontra-se gravemente doente, mas não mudou nada, nem com o sofrimento nem com a doença. É o mesmo homem que, após perder o trabalho como pescador, por questões que lhe são alheias, descarregava na mulher toda a responsabilidade do trabalho doméstico, incluindo tratar da casa, do campo, das crianças, da venda dos produtos hortícolas para o sustento da casa...para além de continuar a ter comportamentos inadequados para com a filha.

O romance termina com um final “aberto” deixando diante do leitor todo um leque de possibilidades quanto ao desenrolar do futuro de ambos os protagonistas. Mas, seja qual for o caminho traçado, será sempre mais povoado de espinhos do que de rosas...

O estilo de Reyes é marcado por uma escrita que se pauta por um discurso descontraído, no qual Betinho é o narrador. Trata-se portanto de um romance autodiegético, onde o narrador é também uma personagem da história. Betinho descreve o percurso de Maria Aparecida – a Rainha do Cine-Roma como lhe chamavam –, na prisão, com toda a crueza da linguagem de quem passou pela experiência devastadora da destruição da infância, mas que, ainda assim, é capaz dos mais inesperados gestos de ternura. A escrita de Reyes é escorreita e o ritmo, dinâmico, o conteúdo, verosímil na sua maior parte, acusando uma terminologia composta pelo calão e gíria das ruas do Rio de Janeiro, como se vê no excerto que se segue:

O Lingüiça e a turma dele estavam sempre enchendo a paciência dos outros. Era um bando de meninos que morava lá na Barraquinha, espalhado pelos cantos e que vivia do roubo, da droga e da malandragem. Os tiras1 deixavam eles tranquilos porque o Lingüiça era esperto, repassava uma parte da grana para eles, não mexia com quem não tinha de mexer e cagüetava2 direitinho qualquer abestalhado que não entrasse na linha.

As vicissitudes pelas quais passam as personagens de Alejandro Reyes têm muito em comum com os meninos do romance Capitães de Areia de Jorge Amado, que agora se movimentam num mundo muito mais feroz, fruto da indiferença das classes privilegiadas e da corrupção das autoridades. Um livro onde a luz e a sombra caminham lado a lado, um retrato do Brasil que não aparece nas tramas kitsch das telenovelas, antes ao período de recuperação económica que tem, nos últimos anos, vindo a experimentar e a dar esperança ao povo brasileiro. Aguardamos o desenvolvimento dos próximos episódios. Ou das próximas décadas.

11.12.2011-14.12.2012
Cláudia de Sousa Dias
1Polícias
2Cagüetar: delatar, denunciar

29 de junho de 2012

Alejandro Reyes na Feira do Livro de Tocantins

Atravessando fronteiras:
O desafio de escrever sobre o outro

Palestra de Alejandro Reyes sobre o romance 
A Rainha do Cine Roma

Feira do Livro de Tocantins
Auditório do Palácio Araguáia
Palma - Tocantins
14 de julho de 2012
14h - 15h

20 de julho de 2011

Resenha de Jéssica Balbino

GRANDES LIVROS - Resenhas de Jéssica Balbino

A Rainha do Cine Roma
Autor Mexicano diz mais sobre o Brasil. Uma obra que emociona

por Jéssica Balbino



O melhor livro que li nos últimos tempos. Essa foi a sensação que fiquei quando cheguei no ponto final do romance “A Rainha do Cine Roma”, de Alejandro Reyes.
O mexicano que viveu em países como Estados Unidos e França conhece mais sobre o Brasil do que os nascidos nas terras descobertas por Cabral. E mais, escreve, com tanta propriedade, em sua literatura marginal, que tira o fôlego. Um livro preciso, direto – sem ser óbvio – triste, mas não sem deixar um rastro de esperança a cada novo acontecimento.
Na orelha, o veterano Ferréz avisa: “Alejandro Reyes prova, de uma vez por todas, que a dor é a maior escola que existe”. É verdade. As histórias de Betinho e Maria Aparecida, duas crianças que receberam do destino o pior que a vida poderia dar, se fundem com as nossas histórias, do dia-a-dia, da falta de sorte – ou seria excesso de azar? -.
Um livro forte. Que te faz mais forte. Duro, cru e cruel. Mas, real. Assim como a literatura marginal, periférica ou seja lá o nome que quiserem dar a quem fala dos excluídos, dos que vivem, como Betinho e Maria Aparecida, se alimentando com restos, dormindo em locais fétidos, em meio a ratos e baratos e que são obrigados a conviver com todo tipo de dor, abuso, e fragilização.
Duas crianças que ninguém – tampouco o sistema – jamais protegeu e que se amam, acima de tudo. E é esse amor que as faz chegar ao ponto final do livro, que sabemos não ser o ponto final de suas vidas e desgraças.
Mas há histórias felizes, de alegria, esperança, diversão e amor. Sim, amor, mesmo nas ruas de Salvador, uma cidade com todas suas cores e loucuras, exatamente como é mostrada no livro.
Alejandro Reyes é de uma escrita impecável. Com o português direto e sem firulas, nos mostra um mundo que, com frequencia, tentamos não ver. Aliás, nos esforçamos para escondê-lo, mascará-lo.
Amores proibidos, verdades, mentiras, noites de sexo louco, dias de lágrimas intermináveis, muitas horas – ou dias – sem comer e somente uma coisa: a esperança de dias melhores. Afinal, são duas crianças que não querem muito: apenas ficar juntas, num lugar que não cheire mijo e não tenha ratos por perto. Ah, e que não sejam agredidas simplesmente por morarem na rua.
Entre os inúmeros que já passaram pela minha mão neste ano. O melhor. Tão bonito quanto a Rainha do Cine Roma se tornou na minha imaginação.


Jéssica Balbino
Jornalista
www.jessicabalbino.blogspot.com

19 de janeiro de 2011

Blog do Peu: A Rainha do Cine Roma

Publicado em Blog do Peu


Este livro pra mim é como um dos filmes do Felline, não acaba, ele continua, porque a própria vida não acaba, idependente da sua presença aqui ou não. Tudo continua como sempre continuou antes de vc chegar, e vai continuar depois de vc sair.
Pra quem gosta de tragédias gregas, taí boas estórias de tragédia dentro desse livro, uma mais macabra que a outra.
A dor, linha por linha, o flagélo humano, o homem nada, a esquina mais sórdida da sociedade. Haja coração...
No meio desse lixo todo, existe uma rainha, a Maria Aparecida é a Rainha do Cine Roma. Uma bela criança maltratada pela vida, durante todo seu caminho, maus tratos e humilhação. Contudo se você gosta de humanidade, não tenha medo, vá direto, talvez você se depare com os momentos mais humanos da sua vida, ali diante da loucura, da miséria, da pior dor do mundo.
Me lembro de ter visto coisas assim num livro que não tem nada a ver com o papo, É isto um homem? livro de Primo Levi, conta seus dias de prisão em Auschwitz, alguns vão dizer que estou exagerando, mas não estou não, porque estou falando do sentimento que move a paixão do homem pela vida, e isso vai sempre exister em nós enquanto formos humanos, creio e boto fé.
Li A Rainha do Cinema Roma em poucos dias, chorei um bocado e sorri muito também. Tive interesse no livro quando estava no Sarau do Binho e o autor Alejandro Reyes, estava apresentando seu livro e contou um pouco do que o levou a escrever o livro e de sua vida. Foi um depoimento marcante pra mim, achei aquele cara de uma coragem, fiquei numa admiração que só vendo. O livro é um tanto biográfico, mas não sei até onde vai isso. Vale muito apena ler!!!

18 de janeiro de 2011

Zé Sarmento

Publicado no Blog do Zé Sarmento


Meus camaradas das quebradas, este livro é o máximo.O escritor mexicano Alejandro Reys que conheci no sarau da cooperifa,está me levando a viajar pela cidade de Salvador e sentir-me cada vez mais com nojo da sociedade excludente.Personagens sofridos, esquecidos, desqualificados pela sociedade abastada, que exprimem seus sentimentoe e emoçoes a flor da pele para ver se se entende como gente.Ainda tou em menos da metade do livro, mas sei que logo ele me levará a última página.É imperdível a "Rainha do Cine Roma", uma pancada nos culhões, uma facada no abdomêm, uma paulada na cebeça!

4 de novembro de 2010

Bate-papo com Marclino Freire y Ferréz

Conversa literária


Os autores Marcelino Freire (Prêmio Jabuti de Literatura, em 2006, na categoria contos), Alejandro Reyes (escritor mexicano, que vive no Brasil desde 1995, e é mestre em Estudos Latino-Americanos) e Ferréz (romancista, contista e poeta que tem como tema principal a periferia das grandes cidades) se reúnem para um bate-papo literário no Centro Cultural b_arco. Após o encontro, Alejandro Reyes vai autografar o romance “A Rainha do Cine Roma” (Editora Leya).
serviço
o quê: Bate papo com Marcelino Freire, Alejandro Reyes e Ferréz
quando: 4 de novembro, às 19h30
onde: Centro Cultural b_arco
endereço: Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426 – Pinheiros
telefone: (11) 3081-6986
entrada: gratuita
informações: http://www.obarco.com.br/

3 de novembro de 2010

A Rainha no Soterópolis

Publicado no Blog do Soterópolis.

Como falar das ruas e suas crianças abandonadas sem cair nos clichês? Este, suponho, deve ter sido o maior questionamento do escritor Alejandro Reyes ao se debruçar sobre esta realidade.

Mexicano, ativista social, participou do movimento zapatista, rodou pelo mundo e aportou em Salvador. Aqui, foi fisgado pela beleza do lugar e pela pobreza revelada em muitos cantos da cidade.

No livro A Rainha do Cine Roma, primeiro romance de Reyes, o escritor cria para si o maior dos desafios: escrever sobre uma realidade desconhecida, pois não pode negar a sua condição de estrangeiro, e narrar os acontecimentos a partir de um lugar de fala de um garoto de rua.

“Enfim, pra mim foi um desafio superar a fronteira lingüística por que sou mexicano, o português não é a minha primeira língua e estou escrevendo usando a linguagem das ruas. O meu grande desafio foi pegar esta linguagem e fazer alguma coisa literária com ela” explica.

O romance, nascido nas ruas da cidade de Salvador, teve a sua primeira tiragem lançada em Portugal no ano de 2009. É lá que Alejandro é contemplado com o prêmio Leya, importante por dar visibilidade aos escritores independentes. Somente em 2010, o livro é lançado em Salvador.

Deslizando num terreno perigoso, onde muitos e importantes escritores já se aventuraram, ele afirma que é preciso ter coragem para falar deste mundo. Na sua literatura há espaço para falar do tempo presente, de uma realidade híbrida, onde as rupturas das divisões rígidas de papéis sociais não cabem mais.

Homem das letras engajadas, o escritor sabe que a literatura deve ter um comprometimento com a realidade social, sem levantar bandeiras, mas sem deixar de ter uma função social que é “fazer questionar sobre coisas que muitas vezes não vemos, e, nesse caso, o Rainha do Cine Roma levanta questões sobre uma população invisibilizada pela sociedade” encerra.

Ficha Técnica:
Título: A Rainha do Cine Roma
Autor: Alejandro Reyes
Formato: 16×23 Brochura
Nº de páginas: 296
Preço: R$ 39,90
Clique aqui para comprar o livro.

2 de novembro de 2010

Lançamento no Sarau Bem Black - Salvador

Publicado em Gramática da Ira


A Rainha do Cine Roma
do mexicano Alejandro Reyes

O romance "A rainha do Cine Roma" traz a história de Maria Aparecida e Betinho, crianças que se conhecem nas ruas de Salvador e que, unidas pelo sofrimento e pela amizade, atravessam os duros dias de uma vida de abandono.

Robson Véio, Alejandro Reyes e eu (Nelson Maca)

Passamos alguns dias muito bacanas com Alejandro Reyes, incluindo visitas ao Sarau Bem Black e ao ensaio do grupo Este Tal Recital (Sarau Bem Legal). Lançamos o livro "A rainha do Cine Roma" num clima altamente positivo que contou com a exibição do documentário "A música é a arma" - sobre o nigeriano Fela Kuti - e também um bate papo emocionante sobre zapatismo e processos de autonomia social com o próprio Alejandro e com nosso irmão Robson Véio.

.
Alejandro Reyes & Claudia (México)com crianças do grupo Este Tal Recital (Sarau Bem Legal)

Agora, o romancista está em São Paulo. Amanhã ele lança "A rainha..." no templo da Cooperifa, com meu grande amigo Sérgio Vaz e seus warriors. Na quinta participa de evento ao lado de Marcelino Freire e depois na Suburbano Convicto do Bixiga (com o Buzo, Marilda e Tubarão... só gente boa e nossa!)

É isso: uma corrente difícil de quebrar!

Com Respeito,
Nelson Maca - Blackitude.Ba

A Rainha no Sarau da Cooperifa

QUARTA-FEIRA É DIA DE SARAU DA COOPERIFA


"O Sarau da Cooperifa é quando a poesia desce do pedestal
e beija os pés da comunidade. "
.
Sergio Vaz
.
SARAU DA COOPERIFA
.
Lançamento do livro
.
"A Rainha do cine Roma"
do mexicano Alejandro Reyes
.
Quarta-feira 3 novembro 20hs45
.
Bar do Zé Batidão
Rua Bartolomeu dos Santos, 797
Periferia-SP
.
*O romance A Rainha do Cine Roma
A Rainha do Cine Roma traz a história de Maria Aparecida e Betinho, crianças que se conhecem nas ruas de Salvador e que, unidas pelo sofrimento e pela amizade, atravessam os duros dias de uma vida de abandono

25 de outubro de 2010

Sarau Bem Black lança livro do mexicano Alejandro Reyes

Publicado em Gramática da Ira
.

Noitada no Sankofa African Bar, na quarta (27/10),
terá debate, exibição de doc. de Fela, muita poesia
e a música de Jimi Hendrix


O escritor mexicano Alejandro Reyes lança o livro A Rainha do Cine Roma (LeYa) na próxima quarta (27/10) durante edição especial do Sarau Bem Black, evento do Coletivo Blackitude que acontece todas as quartas, no Sankofa African, Pelourinho. O autor, que morou em Salvador na década de 90, volta à cidade para apresentar seu primeiro romance, cuja trama se passa nas ruas de cidade e explora o cotidiano de meninos de rua, assunto com o qual se tornou familiar a partir da experiência de trabalho com menores em situação de risco. O livro será vendido por R$ 25, 00 durante o evento.

Além da sessão de autógrafos, Alejandro participa de bate papo e é convidado especial do Sarau Bem Black. A programação, gratuita, começa às 18h, com exibição do documentário “A Música é a Arma” sobre o músico e ativista nigeriano Fela Kuti. Após o filme, que será comentado por Nelson Maca, Alejandro Reyes fala sobre o movimento mexicano zapatista: suas ações revolucionárias indígenas e suas propostas para a construção de uma nova sociedade. Também participa do papo o ativista político e músico Robson Véio (ex-Lumpen), que traz a conversa para esferas cotidianas e locais através de suas experiências em iniciativas como o Passe Livre e Mídia Independente.

.
Das 20h30min às 22h, o Sarau Bem Black segue a normalidade de sempre: abertura com os rappers Rone Dundum & Lázaro Erê , do grupo de Opanijé, com a música Encruzilhada, cujas imagens e sons referências a Exu abre os caminhos da noitada poética. Na sequência, sobem no tablado as poetas mirins Luiza Gata e Lucinha Black Power, além de outras crianças do grupo Este Tal Recital, convidadas especialmente para receber o romancista Alejandro Reyes.

Por fim, Nelson Maca, Iara Nascimento e Lázaro Erê, mestres cerimônia do sarau, declamam e abrem os microfones aos poetas da platéia, um dos momentos mais esperados e surpreendentes da noite. Ao final, Lázaro Erê e Rone & Dundum fecham a noite com mais um rap autoral. Tudo isso será introduzido, comentado e ambientado pelas vinhetas musicais do DJ Joe que, a cada evento, homenageia um artista ou grupo da música negra. Nessa edição especial, o escolhido é o norte-americano Jimi Hendrix.


O romance A Rainha do Cine Roma

.

A Rainha do Cine Roma traz a história de Maria Aparecida e Betinho, crianças que se conhecem nas ruas de Salvador e que, unidas pelo sofrimento e pela amizade, atravessam os duros dias de uma vida de abandono.

A narrativa do livro é feita em primeira pessoa, através de Betinho. Morador de rua desde os sete anos - sobrevivendo de pequenos furtos e michês – ele fugiu de casa para escapar da violência imposta por seu padrasto. Vagava pelas ruas da Cidade Baixa, sempre sozinho, até se deparar com Maria Aparecida, uma pequenina e frágil garota de dez anos que sofre uma drástica mudança na vida após a morte da mãe e decide fugir de casa. Vítimas de abusos por parte dos pais, Maria Aparecida e Betinho passam a viver em um cinema abandonado: o Cine Roma. E, apesar de todo o suplicio que lhes é imposto, os dois constroem um forte laço capaz de resistir a tudo.

Reflexões sobre temas negligenciados pela sociedade, como abuso sexual, drogas, homossexualidade, AIDS, prostituição, preconceito racial, violência física e o abandono estão presentes nas 296 páginas do livro. Chama atenção dos leitores para um universo sujo e cruel, que é imposto àqueles que estão, desde muito cedo, às margens da sociedade. A Rainha do Cine Roma retrata a vida de quem vive nas ruas, o submundo ignorado pela população de “bem” e pelos governantes. É uma bela história sobre a esperança de duas crianças, maltratadas pela vida e pela circunstância, mas que nunca deixaram de acreditar que, um dia, poderiam ser amadas de verdade.


Bate-papo

.


O lançamento do romance será antecedido de um bate-papo sobre as razões e ações do movimento zapatista e da autonomia possível nas práticas sócio-culturais cotidianas. A mesa contará com Alejandro Reyes (Chiapas-México), Robson Véio e Nelson Maca (Salvador). “A idéia é fazer uma síntese histórica do afrobeat e da atuação política de Fela Kuti, um panorama do movimento zapatista, sobretudo frisando como ele se torna uma revolução interna que redimensiona a esquerda tradicional graças ao componente indígena, e também com se dissemina pelo mundo”, explica Nelson Maca. Todos falam de experiências vinculadas numa rede cada vez mais ampla de resistência contra o sistema capitalista. Serão lembradas propostas e práticas de autonomia em territórios em rebeldia - construção de sistemas autônomos de educação, saúde, governo, justiça, mídia, arte, produção e comércio. Questões étnicas e identitárias, sem dúvida, serão a base das ações e reflexões da noite.


SERVIÇO

.


Evento: Sarau Bem Black
Quando: quarta-feira (27/10), das 18 às 22h
Onde: Sankofa African Bar (Pelourinho)
Entrada franca

..........................

Alejandro Reyes

Alejandro Reyes nasceu na cidade do México, é jornalista e escritor. Depois de viver nos Estados Unidos e na França, mudou-se para o Brasil, onde trabalhou com crianças e adolescentes. É mestre em Estudos Latino-Americanos pela Universidade da Califórnia e doutorando em Literatura Latino-Americana, com tese sobre a literatura marginal. É ativista e membro do coletivo de mídia alternativa Rádio Zapatista.

Robson Véio

Artista vegan e produtor cultural, teve suas primeiras experiências culturais ainda em tenra idade no bairro onde morava, Castelo Branco, onde organizava almoços coletivos, campeonatos esportivos, sessões de filmes, fanfarra, festas etc... Já realizou turnê por vários estados brasileiros fazendo palestras e tocando em eventos de grande relevância dentro da cena independente como o Festival Hardcore, a Verdurada, Carnaval Revolução, a ocupação Chiquinha Gonzaga etc... Atualmente escreve para seu blog pessoal além de atuar nos Coletivo Arterisco, Blackitude, Positivoz, no Sindicato dos Comerciários de Salvador e prepara-se para gravar seu primeiro trabalho solo baseado na linguagem do RAP.

Contatos: blackitude@gmail.com

15 de outubro de 2010

Perdidos

Publicado em: Blog de Leonardo Sodré

Paulo Correia
Jornalista
ph-correia@uol.com.br

“Mas você me prometeu que pagaria um churrasco”. Essa frase eu ouvi faz uns três anos, em uma das edições do Carnatal. Ouvi quando estava saindo do corredor da folia, acompanhado de alguns amigos, e foi dita por uma garota que deveria ter no máximo nove anos. Estava suja, com os cabelos desgrenhados e usava uma camisa que cobria o seu corpo inteiro. Ela cobrava o churrasco de um homem de uns 35 anos, vestido com um abadá e que estava muito constrangido pela forma como a menina cobrava. Ele resmungava e dizia que não devia nada para ela, que ela fez porque quis. Esse momento nunca saiu da minha cabeça. Lembrei dele quando terminei a leitura de A Rainha do Cine Roma.
Escrita por Alejandro Reyes, um mexicano que desde 1995 vive em Salvador, a publicação conta a história de Betinho e Maria Aparecida, duas crianças que desde muito cedo sentiram na pele os absurdos da vida. Foram espancados pelos pais e padrastos, violentados sexualmente em suas casas, e tiveram que fugir desse mar de lama para tentarem não enlouquecer. Com a fuga, passam a viver nas ruas de Salvador.
Circulando entre o centro e a Cidade Baixa, vão encontrando tipos que toda cidade possui: os bêbados, as prostitutas, os travestis, os policiais espancadores, as doenças, e o pior de todos os males: a indiferença da população. Crescem nesse meio insalubre, aproveitando tudo o que a vida pode oferecer tanto para o lado negativo como para o positivo. A passagem dos anos é observada não pelo número de páginas viradas, mas pelo sofrimento que a metrópole lhes causa.
O livro, lançado no final de setembro, é um verdadeiro soco no estômago dos desavisados, mas um retrato fiel da juventude que mora nas ruas e que luta para manter a dignidade em meio a tanta sujeira e misérias da sociedade. Uma obra que merece a atenção de todos nós.
Uma obra que fala de tudo. De sexo, drogas, de AIDS, de amizades verdadeiras, de mesquinharias, de alegrias e tristezas. Que retrata uma Salvador onde os Capitães da areia se multiplicaram. Mas acima de tudo, que exibe a força do ser humano. Um livro que mostra que o amor e o carinho ainda conseguem viver.
Fica a dica de canto de página: A Rainha do Cine Roma

10 de outubro de 2010

A ponte entre o humano e a condição de animal

Publicado no Diário do Nordeste


O espaço dos grandes centro urbanos, como abrigo às transgressões sociais, de há muito já se inscreve nos diversos gêneros, quer da prosa, quer da poesia. A partir do surgimento da literatura moderna, isso se fez presente com mais intensidade, o que, de certa forma, contribuiu para dissolver certas crenças em paz e bem-estar

O foco narrativo é conduzido em primeira pessoa, a internalização da leitura da trama se justifica plenamente por estar ela entregue a um dos protagonistas, Betinho - já morava na rua desde a tenra idade de sete anos, alimentando-se de pequenos furtos até o embate com coisas mais terríveis. Até que conheceu, também nos cenários das ruas, Maria Aparecida - uma frágil menina que, aos dez anos, após a morte da mãe, decide fugir de casa, uma vez que, antes, sofre abusos sexuais no espaço doméstico. Eles - os protagonistas - passam a ocupar um cinema abandonado: O Cine Roma; passam, então, a corporificar aquela metáfora de Cruz e Sousa: "Os miseráveis e os rotos / são as flores dos esgotos". No entanto, mesmo com tanto suplício, são capazes, assim, de cultivar fortes laços.

Considerando as tendências por que se movem as narrativas de ficção na pós-modernidade, ainda que o ponto de vista interno seja, predominantemente, conduzido pela personagem Betinho, tal não implica ausência de inúmeras vozes narrativas, numa multiplicidade de focos:"Maria Aparecida falava uma coisa, falava outras, contava tudo quanto é história, a gente ficava sem saber o que era verdade e o que era invenção de sua cabeça." (p.22) Com isso, o narrador passa também a interagir com o falar dessa personagem, ao mesmo tempo em que, apanhando um episódio aqui, outro acolá, ora como que tece uma colcha de retratos, ora com que manuseia as pedras de um estranho quebra-cabeças, vai, pouco a pouco, construindo aquela personagem aos olhos do leitor, sempre com tintas precisas e fortes de realidade.

O espaço da trama é a cidade de Salvador, na Bahia, - e não como não fazer uma referência ao romance "Capitães d´Areia", de Jorge Amado, ainda que o tratamento do tema, a composição romanesca, a construção das personagens e, ainda, o manuseio da linguagem sejam absolutamente distanciados. Se em Jorge Amado, evolam-se momentos de lirismo, se sentimentos de comiseração, se certos alumbramentos se façam presentes, aqui, a linha é outra: frases incisivas, curtas, cruas, numa plena harmonia com a atmosfera a envolver os excluídos.

Uma nota que merece registro é, sendo o espaço uma cidade da Bahia, não faltam traços singulares à cultura do povo baiano, tanto relativos à culinária, ao vestuário, a crenças, ritos e mitos: "A noite está uma lindeza, a lua brilha lá no alto, iluminando a gameleira e a mangueira, e o riacho que passa por perto, e cá dentro tem bandeirolas e folhas e laços vermelhos e um bocado de filhos e filhas de santo vestidos com as roupas de Xangô, Iansã, Ogum, Oxu, Iemanjá". (p23) E não faltam os foguetes a iluminar as mais variadas iguarias da festa.

Nos tempos do "Cine Roma", eles vislumbravam uma vida de gente rica, abastada, embora não acontecesse muita coisa. Até já consideravam coisa muito grande que eles morassem em um castelo, sim, um castelo, ainda que fosse um castelo abandonado, fedido, cheio de ratos e de baratas, mas, enfim, um castelo, em nada parecido com aqueles barracos sustentados por papelão. Ainda mais podiam curtir a praia, os amigos, as aventuras pela cidade; as coisas somente não se imprimiam como uma maravilha dentro dos limites dessa maravilha, por conta dos acessos de loucura, de descontrole, que tomavam conta de Maria Aparecida - nessas ocasiões, quem sempre levava a pior era o narrador, a quem, com desdém, insultava-lhe a condição de homossexual e também de abandonado de todos.

Mais à frente, a trama sofre uma transformação, e os protagonistas vão, rigorosamente, enfrentar a vida nas ruas, agora na condição exata de pivetes. Ficaram quase um ano morando no largo do relógio de São Pedro, com a casa, agora, improvisada de papelão. Eles deixavam a vida correr, virando-se com pequenos delitos, a partir dos quais conseguiam alguns trocados para a comida. No entanto, muito conscientes de que a vida nas ruas é mesmo uma vida de cão: "De tanto o povo tratar a gente como bicho, a pessoa começa a achar que é bicho mesmo, começa a agir como bicho, fazer qualquer besteira sem pensar em mais nada". Atormenta-lhes a ausência da resposta: como não tornar-se realmente um bicho?" A trama mostrará.

CARLOS AUGUSTO VIANAEDITOR

28 de setembro de 2010

Obra retrata a realidade da vida nas ruas

Publicado em: Bahia Notícias

A editora LeYa lança “A Rainha do Cine Roma”, o primeiro romance do jornalista e escritor Alejandro Reyes. Uma comovente e fascinante história, que brilhou entre os finalistas do Prêmio LeYa em 2008 - evento que homenageia e estimula a produção de obras originais de ficção em língua portuguesa. O evento acontecerá nesta quinta-feira, dia 30/09, a partir das 18h30, na Praia dos Livros (Av. 7 de Setembro, 3564, loja 2 – Largo do Porto da Barra - Salvador).